Há exatamente um mês, o cenário no Americano era de total incerteza e até muita apreensão. Sem elenco para a disputa da segunda divisão do Carioca, o Alvinegro ainda não tinha um elenco montado e nem sabia se poderia contar com o técnico Rafael Soriano pra a disputa. Além disso, com o mandato do presidente Wagner Xavier no fim, o planejamento da equipe ficou prejudicado. Mas, no fim das contas, a sorte sorriu para o clube, que trabalhou, contratou jogadores, começou a treinar e já tem quase todo o elenco fechado para a Segundona, em maio.
O trabalho foi capitaneado pelo gerente de futebol do clube, Luciano Portela. Em seu terceiro ano no Glorioso, ele precisou fazer uma verdadeira maratona para trazer reforços. Com muitos Estaduais se encerrando e vários jogadores já encaminhados a outras equipes, o gerente correu contra o tempo para contratar. Chegou a perder nomes para outros clubes, que pagavam salários maiores, mas encaminhou o plantel, que começou a treinar no último dia 10. Para Portela, um desafio igual nunca tinha lhe acontecido antes.
— Realmente, foi o maior desafio que já tive na minha carreira. Ela não é tão longa assim, estive no Bangu, no Bonsucesso e três anos aqui no Americano, mas montar o elenco em menos um mês para uma competição tão dfícil e equilibrada, a dificuldade seria enorme. A gente sabia que não ia ter condição de brigar no mercado com Petrópolis e Sampaio, que já tinham levado jogadores que nos interessavam. E, para completar, a segunda divisão mineira acontece em paraello com a nossa.Então, tivemos que buscar alternativas para a montagem desse elenco, principalmente trazendo jogadores que tinham trabalhado aqui antes — afirma, em entrevista exclusiva ao Acesso Carioca.
Portela sabe que a situação econômica do Americano não é das mais simples. Mas garante que paga em dia e reforça que os jogadores que chegarem terão uma boa estrutura a seu favor. De fato, a equipe conseguiu, num acordo com o Goytacaz, a utilização do Estádio Aryzão para treinos e jogos, já que o futuro campo do Alvinegro, em Guarus, segue com suas obras ainda não concluídas. Mas, por todas as dificuldades encontradas desde março, o resultado final da montagem do plantel acabou saindo melhor que o esperado.
— Nosso orçamento é um dos menores da Série A2, se não for o menor. Mas, graças a Deus, o Americano tem credibilidade e os jogadores têm segurança no clube. Porque eles sabem que vão ter uma estrutura de trabalho, com salários em dia, mesmo sendo inferiores, mas é certo de receber. Passa longe daquela cultura errada do clube não pagar na data combinada. Mas tem sido uma grata surpresa, superou as minhas expectativas para esse ano, pelo time que estamos montando. É claro que abrimos mão de um elenco grande para contarmos com qualidade. Será um grupo reduzido, mas teremos essa qualidade — ressalta o dirigente.
Confira abaixo outros pontos da entrevista exclusiva do Acesso Carioca com Luciano Portela:
Formação da comissão técnica
— Além do elenco, vale ressaltar a importância da comissão técnica. Não abro mão de uma equipe multidisciplinar. Hoje, temos profissionais de todas as áreas no departamento de futebol. Perdemos alguns para clubes de fora, mas montamos uma ótima comissão, com nutricionista, psicóloga, fisiologista, analista de desempenho. Isso também ajuda muito na performance do atleta e ameniza as questões da montagem do elenco. Isso me deixa muito feliz e esperançoso com o que temos montado.
Jogadores perdidos pela indefinição política
— Essa instabilidade política nos causou muitos problemas. A atual diretoria conseguiu prorrogar seu mandato até o fim do Estadual, mas todos os atletas só têm contrato até 31 de agosto. Cito o exemplo do Rafinha, que deixou de vir para o Americano, mas que acabou indo para o Sampaio Corrêa. O Wallace Rato, também conversamos e fizemos um acordo, mas pelo tempo, acabou indo para o Petrópolis.
Outros favoritos ao acesso
— Eu aponto Petrópolis e Sampaio como os maiores favoritos. O Petrópolis, pelo nível de investimento, de jogadores que tem levado para lá. E o Sampaio sempre tem jogadores fortes. Mas temos o Olaria também, pela base forte no ano passado. Esse é um ponto preponderante, um clube que consegue manter seu elenco de um ano para outro e que nao pára de treinar. O America, porque todo o trabalho do Alfredo Sampaio tem jogadores qualificados. É outro clube que chega muito forte. O Macaé também, com o Toninho. Será um campeonato muito difícil.