Foram dez clubes, oito temporadas e muitas histórias: a carreira profissional do zagueiro Kadu Fernandes, morto nesta segunda-feira (22), ao 28 anos, poderia ter sido mais extensa e vitoriosa não fosse o acidente que lhe tirou a vida, no começo da madrugada. Mas é cercada de memórias e alguns feitos importantes pelas equipes nas quais passou. O luto de diversos companheiros, ao longo do dia, prova isso.
Carlos Eduardo de Oliveira Fernandes nasceu em 2 de março de 1995. Ainda criança, chegou ao Vasco da Gama para jogar futsal. Ficou no clube de 1999 a 2008, quando deixou a Colina rumo ao São Paulo, já no campo. Na base do Tricolor, esteve por mais dois anos, antes de voltar ao Rio, defendendo o Fluminense. Só em 2013 é que retornou a São Januário.
Mas não foi por isso que perdeu espaço: pelo contrário, galgou seus passos na equipe de juniores e, logo em seu primeiro ano de volta ao clube, conquistou a Taça Belo Horizonte da categoria. Manteve-se no sub-20 por mais dois anos, chegou a treinar com os profissionais, mas nunca teve a possibilidade de atuar profissionalmente pelo clube de seu coração.
Kadu deixou o Vasco brevemente em 2016, emprestado para o Bangu, onde fez seus primeiros jogos oficiais como profissional. Em seguida, foi emprestado ao Tupi (MG) e ao Boavista, onde fincou raízes importantes e tornou-se titular em campanhas como a da Copa Rio de 2017, que conquistou pelo Verdão, numa emocionante final contra o Americano, em Cardoso Moreira.
Carreira teve passagem internacional
Ainda voltaria ao Vasco para uma última passagem, já no time sub-23, antes de sair para a Arábia Saudita, onde jogou pelo Al-Jeel, uma temporada inteira. Voltou ao Brasil para defender o Aparecida (SP), mas a passagem por lá foi rápida. Esteve em uma segunda passagem pelo Boavista, indo em seguida para o Nova Iguaçu e para o Anapolina (GO).
No ano passado, Kadu retornou para uma terceira passagem pelo Boavista, sendo titular ao longo do Estadual e marcando dois gols durante a campanha. Mais tarde, no mesmo ano, transferiu-se para o Macaé, por onde jogou a Segundona do Estadual pela primeira vez em sua carreira. Já em 2023, até foi recontratado pelo Boavista, mas sequer entrou em campo no Estadual.
O zagueiro mudou-se para o CEOV Operário (MS), onde também não chegou a atuar. Seu destino era mesmo voltar ao Macaé, para a Série A2 deste ano. Ele entrou na estreia macaense na Segundona, quando o time perdeu para o Petrópolis, sendo titular na derrota posterior, para o Americano. Mal se sabia que este seria justamente sua partida final, na qual atuou 90 minutos.
Fora de campo, uma figura extrovertida
O jovem Carlos Eduardo era conhecido por todos como uma figura sorridente e bem humorada. Ao lado de parceiros como o lateral Almir e o volante Alex Galo, do Macaé, era um dos líderes da ‘resenha’ do grupo. Mas também nutriu amizades com outros jogadores, como o goleiro Ary, que foi seu parceiro nos tempos de Boavista, além de Evander e Daniel Pessoa, com quem jogou no Vasco.
Aos 28 anos e pai do pequeno Samuel, que nasceu há poucos meses, Kadu estava empolgado com seu novo momento no Macaé. Nas redes sociais, era comum vê-lo falando sobre viagens, treinos e jogos. Na rede social Twitter, se destacava a paixão pelo Los Angeles Lakers, time estadunidense de basquete. Sua última postagem, horas antes do acidente, foi de apoio a Vinícius Júnior, atacante brasileiro do Real Madrid, da Espanha, vítima de racismo neste domingo.