Lisboa; Diego, Bryan, Rocha e Igor Adriano; Fabrício, Thauam, João Victor e Faustino; Jorge Henrique e Juan. Esta escalação do São José até poderia passar despercebida pelos olhares menos atentos, se não fosse por um detalhe: nenhum destes jogadores está registrado como atleta do clube. Mas foi justamente esta a equipe que entrou em campo na derrota por 11 a 0, sofrida para o Zinzane, no último domingo (18), na quinta divisão do Carioca. A partida é investigada por suspeitas de manipulação.
Os jogadores que atuavam pelo São José até o meio da última semana, quando o time perdeu por 7 a 1 para o Vera Cruz, receberam da comissão técnica um aviso de que o jogo de domingo não aconteceria. A razão seria a falta de recursos para pagar uma ambulância e garantir o policiamento, o que é de responsabilidade da diretoria. No grupo de WhatsApp em que estavam jogadores e comissão técnica, uma mensagem postada no sábado, véspera do jogo, indicava que a partida não aconteceria. Com isso, os jogadores estavam dispensados a partir daquele momento.
“Infelizmente, não vai ter jogo amanhã pois não teremos ambulância e policiamento, pois não conseguimos. Então, nosso ciclo pelo profissional se encerra aqui e encerramos nossas atividades pelo profi (sic). Jogadores que são sub-20 (2003, 2004, 2005 e 2006) passaremos a programação para iniciar nosso trabalho. Os que são acima da idade estão dispensados e qualquer dúvida, falar com o presidente. Obrigado a todos”, diz a mensagem, escrita pelo técnico Bruce Taylon.
Porém, os jogadores tiveram uma surpresa na manhã de domingo, pouco mais de 12 horas depois da mensagem que os dispensava dos trabalhos: a partida contra o Zinzane, no Marrentão, acontecia normalmente. O São José pagou a ambulância, o que garantiu a realização do jogo, mas levou a campo um time de jogadores que nunca tinham atuado anteriormente pelo clube. Nenhum deles está registrado pela equipe de Itaperuna no sistema da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ), sequer como amador. Ao todo, foram 12 jogadores levados a Xerém e até o técnico não era o mesmo: na súmula, ele é creditado como Lucas Mendes.
Suspeita dos jogadores levou a debandada
Após a goleada sofrida em Petrópolis, jogadores do São José passaram a suspeitar mais fortemente de manipulação. Alguns decidiram não continuar mais na equipe, mas a maioria do grupo ficou aguardando a movimentação da comissão técnica e da diretoria, responsáveis por indicar os horários de treinos e apresentações para jogos. Entretanto, também através do WhatsApp, os jogadores foram comunicados de que a convocação aconteceria apenas às vésperas do jogo de domingo. Na realidade, a diretoria do clube já tinha decidido levar para o jogo uma equipe totalmente irregular.
Ainda no domingo, jogadores do São José entraram em contato com o gestor de futebol do clube, William Pereira Rogatto. Eles queriam saber o que tinha sido feito para que o time fosse a campo. O dirigente, através de um áudio recebido pela reportagem do ACESSO CARIOCA, alegou que os atletas estariam tentando prejudicá-lo de propósito e que não correria o risco de levar uma multa de R$ 200 mil, no caso de perder por WO:
— Você vai pagar a p. da multa de 200 mil por um WO? Vai se f., não sei nem porque eu estou falando. Vai à m., assiste à p. do jogo. Eu joguei com um jogador a menos e coloquei quem eu quis, mesmo. Acharam que iam me fazer tomar WO? Se f., nem perguntaram de passagem, nem nada. Vocês tão achando que são espertos? Aqui tem disposição, não é filho de pai assustado, não.
Na segunda-feira (19), a FFERJ decidiu suspender o São José do campeonato, assim como Brasileirinho e Duque Caxiense, por suspeitas de fraude e tentativas de manipulação em seus jogos. A entidade prometeu enviar relatórios à Justiça Desportiva e à Justiça Comum, com evidências que indicam a possibilidade da existência de um esquema ilegal na Quintona. Os três clubes já nem entrarão em campo na última rodada, marcada para o próximo domingo.
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