O último domingo pode ter marcado o adeus oficial de uma lenda do futebol carioca de menor investimento. Aos 42 anos, o atacante Gilcimar esteve em campo na vitória do Paraty sobre o Profute, por 3 a 2, resultado que não foi suficiente para classificar o time da Costa Verde às quartas de final da Série C do Carioca. Sem mais jogos pela frente, o time só retorna na próxima temporada, mas o centroavante brilhou na despedida da equipe, marcando três gols, algo que não conseguia desde 2017.
Embora não tenha cravado que este foi seu último jogo oficial, Gilcimar já fala num tom de adeus. Ele estava parado havia quatro anos, mas voltou ao futebol após o convite do Paraty, encerrando sua participação com a vice-artilharia do campeonato, marcando sete vezes. Apesar do possível adeus, o goleador não perdeu o bom humor e provou que ainda é capaz de render, mesmo já quarentão.
— O futuro pertence a Deus, eu não tenho perspectiva nenhuma. Até falei que, se eu pudesse fazer um jogo de despedida, aqui no Paraty ou em qualquer clube onde joguei, faria numa boa. Seria gratificante. Mas eu saio feliz, também. Se esse foi o encerramento, então quer dizer que meu final foi melhor que o meu começo. Pude fazer três gols, mesmo cansadinho, velhinho. Dizem que quanto mais velho é o vinho, mais caro ele é. Então, estou que nem vinho velho: ainda tenho valor — disse, à Web Rádio Jovem Carioca, prosseguindo:
— Graças a Deus, pude ajudar o Paraty e quero agradecer ao presidente, à comissão técnica, por acreditarem em mim. Estava parado desde 2019, fui convidado e consegui dar uma resposta. E aprendi muito com esses jovens. Saio tirando uma grande lição de vida, em poder regressar ao futebol e terminar fazendo três gols. Foi um para o pai, outro para o filho e outro para o Espírito Santo (risos).
Se não marcava três gols havia seis anos, quando ainda atuava pelo Audax, Gilcimar não deixou de balançar as redes desde então. Ele lamentou a eliminação precoce do Paraty, que perdeu quatro pontos pela escalação irregular de jogadores. Não fosse por isso, a equipe teria reunido a quantidade necessária de pontos para estar nas quartas. O artilheiro, porém, celebra a vitória pessoal:
— Fico feliz, é sempre bom marcar. A vida toda, consegui sobreviver fazendo alguns golzinhos. Quero dedicar os três à minha esposa, Eliane, que fez aniversário na sexta-feira. Mas fico triste pela classificação, que não veio. A gente imaginava que poderia acontecer isso, de vencermos, mas as coisas não dependerem só de nós. Saímos de cabeça erguida. Fico feliz por desempenhar esse trabalho, aos 42 anos. Algumas pessoas duvidaram da minha capacidade, mas a gente consegue provar para gente mesmo que não é o que as pessoas dizem que nos define, mas o que a gente acredita ser e fazer.