Há 50 anos, em 12 de julho de 1973, nascia um dos maiores atacantes italianos das últimas décadas. Christian Vieri, estrela da Squadra Azzurra em duas Copas do Mundo, teve uma carreira de respeito e muitos títulos na Europa. Mas o centroavante passou muito perto de colocar um clube de menor investimento do Rio em seu vasto currículo: o Boavista.
Vieri começou sua carreira no Torino, em 1992. Atacante de área e com boa estatura, rodou por diversos clubes médios da Itália até chegar à Juventus. Lá, foi campeão italiano e do Mundial de Clubes, mas já tinha uma boa reputação nas seleções de base do país. Em seguida, foi para o Atlético de Madrid, além de ganhar espaço no time principal da Azzurra, por onde jogou as Copas do Mundo de 1998 e 2002, além de uma Eurocopa, em 2004. Foi artilheiro ainda na Lazio, na Internazionale e no Milan.
Em 2010, quando já estava prestes a pendurar as chuteiras, Vieri demonstrou o interesse de atuar no futebol brasileiro. Mas os caminhos do atacante passaram longe de um grande clube. Fora dos gramados desde o meio do ano anterior, quando tinha defendido a Atalanta, em seu país, ele passou férias no Brasil. O atacante tinha uma casa de praia em Saquarema, onde costumava ir com frequência.
Vieri mantinha uma relação de amizade com o então gestor de futebol do Boavista, João Paulo Magalhães Lins. Ainda no meio do ano, ele abriu conversas com o Verdão e manteve a forma física no Rio. Em seguida, recebeu uma proposta e, a poucos dias do Réveillon, disse ‘sim’ a João Paulo e ao Boavista: seria reforço de luxo do clube para o Campeonato Carioca de 2011.
— O Vieri é um amigo pessoal. Na época, com 37 anos, topou jogar no Boavista. Foi tudo uma grande loucura, o cara é artilheiro da Itália em Copas (ao lado de Paolo Rossi e Roberto Baggio). E ele se preparou durante quatro meses no Rio para jogar conosco. Ficou com o físico ótimo, tinha tudo para ser muito bom — afirmou João, em entrevista ao portal ‘ge’, em 2017.
Problemas pessoais afastaram craque do Verdão
De fato, o italiano se apresentou para a pré-temporada do Boavista, na Região dos Lagos. Junto com ele, estava o meia-atacante Erick Flores, então recém-saído do Flamengo, que o emprestara ao Verdão. Anos depois, Erick se tornaria um dos jogadores mais emblemáticos do clube, mas o mesmo não aconteceria com Vieri. Mesmo com a camisa 9 reservada, ele sequer estreou pelo clube. O jogador alegou problemas pessoais e voltou para a Itália.
— Ele (Vieri) conversou comigo e pediu para ir embora. Inclusive, eu estava acompanhando esse problema. Ele foi, disse que iria voltar, mas acabou que a coisa não teve o desfecho esperado. Mas, teria sido incrível. Foi uma ideia maluca nossa, na época. Ele estava muito bem — relembra o dirigente.
Vieri também teve seu nome ligado ao Botafogo (SP), na mesma época. Ele chegou a um acordo com o clube em outubro, enquanto já estava no Rio, mas não retomou as conversas com o time do interior paulista. De fato, já parecia convencido a ficar no Rio, mas o desfecho não foi feliz. O que poderia ter sido uma artilharia de Carioca ou até um reencontro com o rubro-negro Ronaldinho Gaúcho, que enfrentou nos tempos de Internazionale e Milan, virou apenas história.
Mas a ligação com o Boavista nunca se desfez de verdade. Em 2018, Vieri chegou a postar uma foto em seu perfil no Instagram, com uma camisa da Torcida Fúria Verde, uma das organizadas do clube. Uma lembrança do momento que poderia ter sido mágico entre o craque e o time de Saquarema, e que entrou para sempre no folclore do futebol carioca.