Se o fato de Fernando Diniz estar se dividindo como técnico da Seleção Brasileira e do Fluminense, ao mesmo tempo, causa surpresa e até choque em alguns, o futebol carioca já reservou um cenário semelhante. Porém, com um treinador que comandou dois times do estado ao mesmo tempo: foi Antônio Carlos Roy, em 2010, à frente de Cabofriense e Madureira.
Na altura, o treinador comandava o Madureira, mas chegou também a um acordo com Cabofriense. Enquanto o Tricolor Suburbano estava prestes a disputar a Série D do Campeonato Brasileiro, a equipe da Região dos Lagos estava na segunda divisão do Carioca. As competições eram simultâneas, o que poderia ser um desafio, mas que acabou sendo contornado pelo técnico e sua comissão.
Inicialmente, Roy comandava somente o Madureira, com o qual fez campanha mediana na Série A do Carioca de 2010, ficando em nono entre 16 participantes. A Cabofriense começou sua disputa da Segundona em março, mas com Rubens Filho como seu treinador. O começo da equipe da Região dos Lagos, no entanto, foi irregular até a metade do primeiro turno e o técnico acabou demitido em maio.
O Madureira ficaria três meses parado, entre o Carioca e a Série D, o que fez a diretoria da Cabofriense procurar o Madura para um acordo: pegar Roy ‘emprestado’ como treinador durante a competição. A segunda divisão iria até o fim de julho, quando o campeonato nacional já teria começado. As datas, assim, se chocariam em algum momento, mas isto já estava previsto na negociação.
O técnico, então, assumiu a Cabofriense, mas sem deixar de treinar o Madureira em seu período de preparação para a Série D. Apesar dos 170 km de distância entre Rio e Cabo Frio, Roy comandava treinos quase todos os dias nos dois locais. Quando os treinos no Madureira eram pela manhã, as atividades em Cabo Frio aconteciam à tarde, e vice-versa.
De fato, a Cabofriense cresceu na Segundona e passou a brigar pelo título e pelo acesso. Porém, julho estava chegando e a Série D, também. Os dias de jogos prometiam se chocar, o que fez Roy acionar seu auxiliar, Márcio Bittencourt, atualmente trabalhando no Sampaio Corrêa. Foi ele quem esteve à beira do campo na estreia madureirense no Brasileiro, contra o Tupi (MG).
Isto porque, na véspera, Roy comandava a Cabofriense no jogo contra o CFZ, pela Segundona, em que o time perdeu por 2 a 0. Márcio, por sua vez, teve mais sorte, já que o Madura ganhou pelo placar mínimo. Um novo choque de calendário aconteceu na semana seguinte, mas desta vez com os dois times jogando no mesmo dia. Se não podia estar nos jogos das duas equipes, estava sempre em contato constante com o auxiliar, pelo telefone.
Na penúltima rodada, uma vitória sobre o Artsul garantiu o acesso à Cabofriense, que foi campeã no fim de semana seguinte, goleando o Itaperuna. Roy pôde, finalmente, voltar aos trabalhos de forma integral na Zona Norte do Rio, além de comemorar o título e o acesso pela Cabofriense. Mas, no Madureira, ele manteve o excelente ritmo e se classificou para a fase final da Série D.
No fim do ano, o treinador levou o time ao mata-mata da competição e conseguiu o acesso em uma grande goleada sobre o Operário (PR), por 6 a 2. No fim, o time acabou eliminado pelo América (AM) nas semifinais, mas terminou como vice-campeão nacional, já que o clube amazonense foi excluído da competição por atuar com jogadores eliminados. Com isso, Roy terminou com um título, um vice e dois acessos na mesma temporada, por dois times diferentes.
De acordo o regulamento de competições da CBF à época, um técnico podia dirigir mais de um time simultaneamente, desde que essas equipes não disputassem o mesmo campeonato. Assim, em 2011, Roy acabou ficando somente no Tricolor Suburbano, onde passou mais três vezes. Atualmente, ele está no Rio Branco de Venda Nova (ES).
Roy é o cara!
Esse é o cara. Muito bom.
Muito bom treinador, não entendo como não teve mais sorte na carreira dirigindo times de maior expressão