O Angra dos Reis está à deriva. A equipe, que perdeu por WO na estreia da Série B2 do Carioca, permanece suspensa pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ). E é no meio dessa crise que o clube vive um vazio de comando: o gestor de futebol, Tiago Ferreira, não é localizado há duas semanas, enquanto o Tubarão segue com pendências junto à entidade. Com apenas nove jogadores regularizados, o clube precisa adiantar a documentação de pelo menos mais seis para poder jogar no próximo fim de semana.
Jogadores e membros da comissão técnica vêm tentando contato com Tiago há vários dias, sem sucesso. De acordo com apuração da reportagem do ACESSO CARIOCA, o dirigente não tem ido aos treinamentos nos últimos dias e também não é localizado através de chamadas telefônicas. A falta de novidades faz o clube viver dias de incerteza às vésperas de mais um jogo na Quartona.
O jogo contra o Rio de Janeiro, que aconteceria no último fim de semana, acabou cancelado por causa do WO, aplicado pela FFERJ, contra o Angra. O time da Costa Verde perdeu sem nem entrar em campo, mas precisa se reorganizar para da condições a mais jogadores visando o jogo contra o São Cristóvão, marcado para o próximo domingo, no Rio de Janeiro.
Jogadores e comissão técnica seguem realizando normalmente a rotina de treinamentos. O técnico Mário Júnior mantém-se ao lado do grupo, que está em um alojamento na cidade e se prepara para o próximo jogo. No Boletim Informativo de Registro de Atletas (BIRA), sete jogadores seguem com pendências documentais. O clube deu entrada na papelada no último dia 11, mas não houve atualizações desde então. O prazo para regularização se esgota nesta quinta-feira (21).
O Angra dos Reis já levou WOs em situações parecidas, em outras três categorias. No sub-15, sub-17 e sub-20, o Tubarão acabou punido, também por não ter jogadores suficientes em condições de atuar. Nas redes sociais, grupos de torcedores já demonstravam insatisfação com Tiago Ferreira e seu grupo de trabalho. Sua empresa, a Academia Nacional de Futebol (ANF), arrendou o futebol angrense no começo deste ano, após o clube passar por dois rebaixamentos consecutivos em 2022.
Pais de jogadores reclamam de rifa não sorteada
Além dos claros problemas de gestão, pais de jogadores das categorias de base do Angra reclamam de calote por parte do clube. Segundo eles, os dirigentes realizaram a venda de uma rifa, que sortearia uma moto elétrica, em julho. A arrecadação serviria para custear o registro dos jogadores da categoria sub-20, que chegaram a vender pessoalmente os bilhetes pela cidade. Mas o sorteio nunca foi realizado.
A primeira justificativa de pessoas ligadas ao clube, ainda em julho, é de que a rifa tinha se tornado digital e que só poderia ser sorteada após um determinado número de inscrições. Mas atletas, seus familiares e torcedores em geral não tiveram nenhuma novidade em relação a qualquer sorteio e nunca tiveram seu dinheiro devolvido. Alguns relatam ter pago até R$ 20 em bilhetes físicos da rifa.
Mas, não pára por aí. Outros parentes de jogadores afirmam que foram procurados por pessoas que se identificaram como responsáveis pelas categorias de base do Angra. A mãe de um dos atletas teria pago R$ 740, com a justificativa de que o dinheiro seria pagaria o registro do filho junto à CBF. Porém, este registro deve ser feito à FFERJ e a taxa da operação é bem menor: custa R$ 80.
Pelo menos outros dez atletas também procuraram ajuda na cidade após serem cobrados em R$ 80 por suas inscrições. No entanto, os jogadores não tiveram seus nomes registrados no BIRA. Os pagamentos teriam sido feitos a contas repassadas por pessoas ligadas ao Angra. Pela Internet, torcedores procurados por estes jovens fizeram ‘vaquinhas’ para tentar ressarcir o valor aos atletas e seus familiares.
Até o fechamento desta matéria, a reportagem não tinha conseguido localizar Tiago Ferreira, nem os responsáveis pela gestão de futebol do Angra dos Reis.
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