São Cristóvão completa 125 anos nesta quinta-feira (12)

O feriado de 12 de outubro é também uma data especial para o São Cristóvão e seus torcedores. Mas, em 2023, esta data ganha contornos ainda mais importantes: o clube está festejando seus 125 anos de fundação, mantendo-se como um dos mais antigos do Rio de Janeiro ainda em atividade, mais novo apenas que Botafogo, Flamengo e Vasco da Gama. Um gigante histórico, que segue resistindo.

Fundada como Club de Regatas São Christóvão, em 12 de outubro de 1898, a agremiação mirava os esportes náuticos nos seus primeiros anos. A cor rosa predominava e chamava atenção nas competições contra os clubes da Zona Sul. Foi quase 11 anos depois, em 1909, que surgiu o São Christóvão Athletico Club, que passou a representar o bairro no futebol.

E os cadetes logo foram conquistando feitos importantes. O time estreou na segunda divisão do Campeonato Carioca em 1910, ficando em segundo lugar, o que repetiu no ano seguinte. Em 1912, veio a estreia na primeira divisão, onde o clube ficou por cerca de meio-século. E foi aí que o São Cri-Cri entrou de vez na história do futebol do Rio de Janeiro.

Após campanhas de sucesso nos anos 1910, o clube se tornou famoso graças aos feitos de João Cantuária, um dos fundadores. Jogador polivalente e que atuava em quase todas as posições, ele se tornou um símbolo do São Cristóvão em seus primeiros anos. Mas, no fim de 1918, caiu doente devido à pandemia de gripe espanhola, que assolou o Rio, morrendo no começo do ano seguinte.

Mas foi nas cinzas da tragédia que o clube se reergueu. Já identificado pelo tradicional uniforme todo branco, o time conquistou grandes feitos nos Cariocas da década seguinte, atingindo seu ápice em 1926. Na altura, o time comandado por Luiz Vinhaes e que tinha craques como Vicente, Affonsinho, Theophilo e Jaburu, conquistou seu primeiro e único título da primeira divisão até os dias atuais.

Ainda nos tempos do amadorismo, o São Cristóvão era um dos maiores da cidade. Mas, mesmo depois do advento do profissionalismo, o time ainda viveu grandes momentos. Em 1937, liderava o Campeonato Carioca, quando houve a fusão entre as ligas dissidentes, dando origem a um novo certame. O anterior foi desconsiderado, mas o clube sempre tentou o reconhecimento desde título, o que nunca aconteceu oficialmente.

Já no ano de 1943, quando os clubes de regatas e de futebol se fundem, o São Cri-Cri volta aos melhores momentos, conquistando o Torneio Municipal, batendo as grandes equipes do Rio. Nas décadas seguintes, o crescimento dos rivais diminuiu o espaço da equipe cadete, que chegou a jogar a segunda divisão, em 1965. Mas a venceu, de forma invicta, e voltou à elite, por onde ficou mais uma década e meia.

Momentos ruins não foram o fim para o clube

Em 1976, o clube conquistou o Torneio Abelard França, no Maracanã, e foi vice da Segundona em 1982. A partir daí, o São Cristóvão experimentou uma queda de produção, que o levou a frequentar mais as divisões inferiores. A última participação na primeira divisão do Estadual foi em 1995. Mas isto não impediu que o clube tivesse conquistas, como a Copa ECO, em 1992.

Mas talvez o maior feito das últimas décadas para o clube tenha sido o fato de que revelou Ronaldo, o Fenômeno. O craque jogou na base do clube entre 1990 e 1993 e foi chamado à Seleção Brasileira Sub-17 como jogador cristovense. Já no Século XXI, apesar de ter participado do Brasileirão de 2000 (Copa João Havelange), o São Cristóvão viveu enormes dificuldades financeiras e peregrinou pela segunda e até terceira divisões do futebol carioca.

Entre 2019 e 2023, o clube ficou licenciado, numa ausência inédita de quatro anos seguidos em competições profissionais. Mas, após este hiato, o clube voltou na quinta divisão e ficou com o vice-campeonato, conquistando o acesso para a Quartona, que joga atualmente. O clube ainda preserva seu estádio, na Rua Figueira de Melo, e que segue de pé 110 anos depois de sua fundação, em 1913.