Brasil e Argentina têm muito em comum. Além de serem duas grandes nações no futebol sul-americano, compartilham semelhanças culturais, idiomáticas e históricas. Mas é mesmo dentro de campo que as duas nações dividem uma grande paixão e uma grande rivalidade. Além disso, é grande o número de ‘hermanos’ que vêm às terras brasileiras em busca de uma oportunidade nos clubes. E, nas equipes de menor investimento do Rio, historicamente, não é diferente.
Nesta terça-feira (21), dia em que Brasil e Argentina se enfrentam no Maracanã, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, o ACESSO CARIOCA relembra alguns vizinhos que vestiram a camisa de equipes cariocas. Alguns fizeram sucesso, outros nem tanto. Mas todos provaram ser possível esta comunhão entre escolas e estilos de jogo, mesmo afastados dos grandes holofotes e dos clubes mais destacados.
É claro que clubes como America e Bangu, por exemplo, já tiveram nomes históricos como Alarcón e Rafagnelli, respectivamente. Mas a busca mostra justamente os nomes menos prováveis, quase desbravadores de uma realidade menos glamurosa do futebol, ainda que igualmente apaixonante. Uma paixão que a bola uniu e continua unindo, nos dois lados da fronteira.
Luis Raison (Bangu)
Um dos primeiros argentinos a atuar no Brasil, fez parte do elenco banguense que estreou na primeira divisão do Campeonato Carioca, em 1911. Embora tivesse apenas 18 anos, fez um ano bastante sólido, com 16 jogos e dois pênaltis defendidos no mesmo jogo, contra o São Cristóvão. Posteriormente, jogou pelo Fluminense, onde foi campeão carioca.
Valentín Navamuel (Portuguesa)
Chegou ao Brasil contratado pelo Vasco da Gama em 1934, junto ao Estudiantes de La Plata. Estava em uma leva de outros argentinos, alguns dos primeiros a chegar ao futebol brasileiro na era profissional. Foi campeão carioca em São Januário e acabou indo parar na Lusa em 1937. Naquela temporada, foi um dos grandes nomes dos rubro-verdes, ao lado de Gallego. Fez quatro gols na campanha do Campeonato Carioca, na qual a Lusa terminou em oitavo lugar. Mais tarde, fez história no Sport (PE), onde foi campeão como jogador e treinador.
Livio Prieto (Duque de Caxias)
Teve uma passagem bastante discreta pelo Duque, em 2010, mas chegou com um bom currículo. Antigo companheiro de Gabi Milito na seleção argentina sub-17, passou por clubes como Independiente, em seu país, além do Atlético-MG. Mas, em Xerém, teve poucas chances, jogando apenas num empate com o Boavista e numa derrota para o Bangu. Foi mais tarde para o Iêmen, onde fez sucesso e até se naturalizou.
Gonzalo Gil e Nicolás Villafañe (Olaria)
Chegaram ao Olaria em 2011, com as credenciais de terem jogado pela base de River Plate e Boca Juniors, respectivamente. Os dois chegaram até a morar na própria Rua Bariri num prédio em frente a o portão principal do estádio entretanto não brilharam tendo jogado apenas quatro vezes cada um ambos tiveram ainda a companhia de um compatriota Santiago Fernandes que disputou o número igual de partidas também sem grande brilho.
Carlos Frontini (Boavista)
De todos desta lista, certamente o mais bem sucedido. Embora tenha nascido na Argentina, sempre se considerou brasileiro, por ter imigrado com apenas dois anos de idade, com a família. No Rio, ganhou notoriedade com a camisa do Boavista, por onde foi semifinalista do Campeonato Carioca de 2011. Aliás, terminou a competição também como artilheiro, somando dez gols. Passou ainda por Duque de Caxias e Volta Redonda, mas sempre marcando gols. Aposentou-se em 2021.
Matías Palermo (Bonsucesso)
Em 2012, o meia foi parar no Leônidas da Silva após uma passagem sem sucesso pelo Vasco da Gama. Ele chegou para defender o Rubro-Anil que estava retornando à primeira divisão no Carioca após quase 20 anos. Mas Palermo não impressionou e acabou disputando apenas quatro partidas, logo deixando o clube.
Matías Sosa (America)
Se chegou ao America em um momento menos glorioso que os craques argentinos que passaram pelo clube no Século XXI, Sosa teve relativo sucesso em Giulite Coutinho. Vindo do modesto Cipoletti, onde joga até os dias atuais, o meio-campista nascido na Patagônia disputou 31 jogos e marcou quatro gols nas duas passagens pelos rubros, em 2016 e 2019. No Rio, jogou também pela Portuguesa.
Emmanuel Biancucchi (Resende)
Primo de ninguém menos que Lionel Messi, Biancucchi desembarcou no Resende após um ano sem jogar, mas não decepcionou. Foi o melhor jogador do Gigante do Vale no Campeonato Carioca de 2022, marcando três gols na campanha, incluindo um sobre o Flamengo. Além disso, ajudou o time a conquistar a Taça Rio.