O reconhecimento do título do São Cristóvão em 1937, no último fim de semana, foi muito comemorado pelo clube da Zona Norte do Rio de Janeiro. Afinal, a equipe passa a ser bicampeã carioca, por já ter conquistado o troféu também em 1926. Mas este reconhecimento tardio também levantou, entre muitos torcedores, dúvidas sobre a relevância e o peso da competição. Mas, ao contrário de outras ‘canetadas’ e revisionismos que o futebol brasileiro tem observado nos últimos anos, a conquista cristovense é legítima, ainda que o clube tivesse que esperar quase 90 anos por sua oficialização.
Quando o São Cristóvão foi campeão, em 1937, ainda havia duas ligas no futebol carioca. Uma era a Federação Metropolitana de Desportos (FMD) e a outra, a Liga Carioca de Futebol (LCF). O clube da Figueira de Melo pertencia à primeira entidade que, aliás, era filiada à CBD. Junto a ele, também figuravam clubes como Botafogo, Bangu e Vasco da Gama. Por outro lado, considerava-se a LCF como ‘pirata’, por não ter esta filiação à maior entidade nacional. Nela, estavam equipes como Flamengo, Fluminense e America.
Ainda assim, ao longo dos anos 1930, os campeões das duas ligas nunca deixaram de ser reconhecidos. Todas as temporadas entre 1933 e 1936 têm dois campeões: um de cada liga. Foi assim que Botafogo e Bangu conquistaram o Carioca em 1933. No ano seguinte, o Glorioso e o Vasco da Gama saíram campeões, com o Alvinegro vencendo também em 1935, enquanto o America conquistou a outra. Já em 1936, Fluminense e Vasco levantaram as taças.
Pois, naquele ano de 1937, o cenário também parecia o mesmo. Mas o campeonato da FMD começou antes, ainda em maio. Desde o início, o São Cristóvão manteve a liderança e venceu todos os seus sete primeiros jogos. Mas, aos poucos, a tão esperada unificação das ligas foi se desenhando nos bastidores. E, em julho, acabou sendo confirmada. Dessa forma, o campeonato da FMD acabou interrompido, mas o São Cristóvão, que liderava, nunca teve o reconhecimento do título oficializado.
Como foi a campanha
A campanha do São Cristóvão começou no dia 9 de maio. Na altura, a equipe derrotou o Vasco da Gama, na Rua Figueira de Melo, por 3 a 1. Posteriormente, foi a vez de derrotar o Andarahy, por 7 a 2. Fora de casa, a terceira rodada reservou aos cadetes uma goleada a mais, mas desta vez na Gávea, quando passou pelo Carioca por 6 a 2. Novamente em casa, os alvos derrotaram o Madureira por 2 a 1, dando sequência à sua forma positiva derrotando o Olaria por 4 a 3.
Com a liderança já consolidada, o São Cri -Cri derrotou o Bangu, na Rua Ferrer, por 3 a 1, e bateu o Botafogo por 3 a 0, em casa. O que ninguém sabia é que aquele seria o último jogo da campanha, em 30 de junho. E que nenhum dos que estavam em campo sobreviveria para ver o título sendo oficialmente reconhecido.
Caxambu e Roberto com sete gols cada, foram os artilheiros da campanha cristovense, que teve 28 gols marcados e dez sofridos. Villegas e Carreiro marcaram seis gols cada um, com Quintanilha balançando a rede duas vezes. Dessa forma, o clube da Zona Norte obtém a tão esperada justiça do reconhecimento de seu título e passa a fazer companhia ao Fluminense como campeão de 1937.
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Mais do que merecido esse reconhecimento! Uma grande pena que meu pai, torcedor fiel do São Cristóvão, não esteja ainda vivo para comemorar esse 2o. título de campeão. Nesse ano de 1937, ele estava com 13 anos e teria festejado muito.