Clubes da Quintona emitem manifesto contra manipulação

Uma grande movimentação dos clubes da Série C do Carioca pode mexer na competição deste ano. Ao todo, 17 equipes se mobilizaram para um manifesto, afim combater a manipulação de resultados. Eles exigem receber o dinheiro a que têm direito, segundo os mesmos, por força de lei. Afinal, consideram que os sites de apostas esportivas não repassam valores aos clubes como contrapartida ao uso de seus nomes e escudos na internet.

O manifesto tem as assinaturas de Barcelona, Bréscia, Campos, Ceres, Duque Caxiense, EC Resende, Juventus, Mesquita, Paraíba do Sul, Paraty, Profute, Riostrense, União Central, Uni-Souza, Santa Cruz, São José e Vera Cruz. Destes 17 clubes, oito estão entre os convocados para o Arbitral do campeonato, marcado para esta sexta-feira (8). Mas a movimentação pode até alterar os rumos do campeonato.

A carta cita que 22% dos lucros dos sites de apostas devem ser destinados aos clubes, mas que as equipes da Quintona não recebem tal subvenção. O argumento é de que apenas os times da Série A do Estadual, competição inclusive patrocinada por casas de apostas, arrecadam com o benefício. Ainda de acordo com o grupo, a má fama da Quintona, alvo até de investigações por suspeitas de manipulação, atrapalha ainda mais o planejamento já apertado destas equipes.

— O que os clubes querem é que as bets (casas de apostas) não usem suas marcas sem a devida autorização. E os clubes é que levam a culpa, como se fossem eles os manipuladores. A gente quer mudar essa imagem porque está difícil buscar alguma coisa. Clube da Série C é clube manipulador, é assim que muitos veem. Procuramos a Federação, mas o presidente Rubens Lopes não nos recebeu. Mandamos um e-mail solicitando uma reunião antes do Arbitral, mas ignoraram essa comunicação nossa. A Série C está mais unida do que nunca — diz Marcelo Santiago, dirigente do Riostrense.

Grupo pode até acionar o Ministério Público

O grupo tem muitos clubes que inicialmente não devem entrar na tabela deste ano. Mesmo assim, garante não estar atrás de licenciamento para jogar, nem o perdão de dívidas com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ). O presidente do Ceres, Winston Soares de Melo, destaca que a medida anti-manipulação é para que os clubes possam receber o que consideram ter direito.

— Na maioria das vezes, os presidentes dos clubes não se envolvem nisso. Porque, pela realidade difícil e falta de dinheiro, a gente terceiriza os gastos. Só que algumas pessoas que tomam conta do futebol fazem a conta cair no nome do clube. Essas pessoas nunca aparecem e a realidade é que nunca é possível provar nada. Tem um monte de bet por aí, ganhando dinheiro, mas nunca nos procuraram. Usam nosso nome, mas a gente não recebe um centavo — afirma Winston.

Ainda não há a movimentação de clubes de outras divisões, mas o grupo pretende analisar o contrato entre a FERJ e as casas de apostas. Isto porque considera que o repasse financeiro deve acontecer não só para os times da primeira divisão do Estadual. Se acaso não houver respostas por parte da Federação, o grupo pode até ir à Justiça:

— Só a primeira divisão está mordendo a fatia do bolo. Iremos pedir que, quando definirem a tabela, que a Federação não a divulgue. Para que a bet não coloque o jogo, assim ninguém pode acusar os clubes de uma coisa que eles não fizerem. Se a FERJ não puder fazer isso, por causa de Estatuto do Torcedor, Lei Pelé, ou o que for, vamos oficiar o Ministério Público. Pois não queremos nosso nome envolvido com isso. Iremos à Federação nesta sexta, todos os 17, para tentar um atendimento antes do Arbitral.

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