O Millonarios, da Colômbia, estará nas manchetes nesta terça-feira (2) por ser o primeiro adversário do Flamengo na Copa Libertadores da América. A seu favor, pesará o fato de ter vencido o Rubro-Negro no único confronto que ocorreu entre ambos, há 70 anos. Mas foi justamente na mesma época que o Madureira conseguiu algo que o clube da Gávea não fez: vencer o time de Bogotá, considerado na época um dos melhores da América do Sul.
Era o ano de 1952 e o Millonarios contava com o grande Alfredo Di Stéfano. Atacante argentino revelado pelo River Plate, trocou seu país, três anos antes, pela Colômbia, cujo futebol não seguia as regras da FIFA. Assim, o campeonato nacional virou uma espécie de torneio “pirata”, que pagava fortunas às estrelas contratadas. Di Stéfano já era ídolo do clube, tendo sido campeão colombiano e levando consigo outros craques argentinos, como Cozzi, Rossi e Pedernera. Foi este Millonarios que, um dia, cruzou o caminho do Madureira.
O Tricolor Suburbano fazia uma excursão pela América do Sul, passando por Venezuela, Colômbia, Equador e Bolívia. Até chegar a Bogotá, tinha jogado cinco vezes, com três vitórias, um empate e uma derrota. No dia 2 de março, um ensolarado domingo, veio o encontro com o gigante colombiano. O Madura tinha suas figuras, como o zagueiro Bitum e o centroavante Genuíno, que passou anteriormente pelo Botafogo. Mas um jovem de 18 anos, chamado Evaristo de Macedo, era a maior promessa do time.
Quem esperava Di Stéfano, viu Genuíno
Com a bola em jogo, o Madureira deitou e rolou já de início. Logo aos quatro minutos, Genuíno passou por Pini e fuzilou Cozzi, fazendo 1 a 0. Mal deu tempo para o Millonarios se reorganizar e Silvinho invadiu a área pela esquerda, batendo cruzado para marcar o segundo gol. Evaristo ainda chutou uma bola na trave e Silvinho perdeu uma boa chance. Di Stéfano ainda diminuiu o placar, mas Genuíno marcou mais um para o Madura, acertando a trave logo na sequência.
E a tempestade madureirense não parou. Evaristo e Genuíno voltaram a balançar a rede, num até então impensável 5 a 1 do Madureira, penúltimo colocado do Carioca anterior, em cima do campeão colombiano. Detalhe: tudo isso apenas nos primeiros 45 minutos de jogo. No segundo tempo, Di Stéfano até fez mais um gol, mas a goleada do clube de Conselheiro Galvão foi inevitável.
Muitos cariocas só souberam do resultado dois dias depois, já que muitos jornais não rodavam às segundas-feiras. Mas foi mesmo a imprensa colombiana que rasgou elogios ao Madureira, como o jornal ‘El Espectador’, que chamou de ‘magnífica’ a atuação do Tricolor. Uma semana depois, uma revanche terminou com vitória do Millonarios, por 3 a 0, mas o show do Madura ficou para a história.
E o feito foi ainda maior pois, no mês seguinte, o Millonarios fez uma bem sucedida excursão à Europa, vencendo o Real Madrid, na Espanha. Este jogo, aliás, foi decisivo para que os madrilenhos decidissem contratar Di Stéfano, um ano depois. Lá, ele fez história, ganhando cinco Copas dos Campeões consecutivas. E, naquele mesmo ano de 1952, os colombianos bateram o Flamengo, no El Campín onde irão reencontrar o Rubro-Negro. E onde, há 72 anos, conheceram a força do Madureira.
Acompanhe o ACESSO CARIOCA nas redes sociais:
Instagram | Twitter | Facebook | YouTube